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O HALLOWEEN DE CHARLIE

Por Emanuella Loiola
Oi diário,
Hoje foi daqueles dias que a gente guarda pra contar pros netos, sabe? Tipo filme de terror, mas sem o orçamento milionário. Eu, Jack (nosso amigo e líder do grupo), Noah (meu melhor amigo), Sophie (nossa amiga) e Eva (irmã de Noah) decidimos meter as caras na casa do cientista maluco na rua deserta, na noite no Halloween.
A gente tava rindo, mas o riso era nervoso, porque essa casa é o tipo de lugar que a gente vê nos pesadelos. É uma construção antiga, de estilo vitoriano, coberta de musgo e quase em ruínas. Umas janelas quebradas, outras tapadas com tábuas, fazendo que entre pouca luz para iluminar lá dentro.
O telhado tava quase desabando em alguns lugares. A pintura original da casa está desbotada e descascada, dando uma aparência de casa mal-assombrada mesmo. A entrada principal é uma porta de madeira apodrecida e com um cheiro terrível de mofo, com dobradiças rangentes que falavam tipo, bem alto: “E aí, galera! Chegamos!”.
Enquanto isso, do lado de fora, tava chovendo muito e a lua só destacava as
partes macabras daquela casa. O vento tava tão forte que parecia um uivar de lobos! Mesmo assim, a gente entrou. Ninguém daqui acreditava nessas baboseiras de casa mal assombrada, fantasmas, vampiros, lobisomens e essas coisas de filmes de Hollywood.
Cara, que casa sinistra! Acho que dava um bom filme do Drácula aqui. Assim que entramos, nos deparamos com um hall de entrada bem escuro e com um lustre com uma mansão de aranha. Os móveis estavam cobertos por lençóis, mostrando que ninguém mais habitava lá a anos. Mas, tinha uma coisa que já não estava certa, estávamos sentindo um cheiro de flores, flores murchas.
Eva, que sempre gostou desses filmes fantasmagóricos, logo disse: “Será que é a esposa do cientista?” “É claro que não, sua boba! Ela morreu a anos!” rebateu Noah. Eu, como sempre, estava por fora dessa história. Pra falar a verdade, nem sabia que essa casa um dia foi de alguém! Então, perguntei, meio nervoso: “Que... Que cientista galera?”, aí o Jack me explicou: “Essa casa era de um cientista que todo mundo considerava louco. Ele se apaixonou por uma mulher chamada Emily e logo se casou..., mas, depois de uns 2 meses, ela descobriu que tinha uma doença terminal, e pouco tempo depois, ninguém mais ouviu falar dela”. “E nem dele, por sinal” disse Sophie.
Bem, agora que eu sei basicamente a história dessa casa, deu um friozinho na barriga, não posso negar. Mas, seguimos em frente. Logo, achamos uma porta secreta, como nos filmes de espionagem. Era um laboratório de museu. Frascos empoeirados, anotações com uma letra horrível, e eu só conseguia pensar: "O que esse cientista tava tramando aqui?" Noah, meu melhor amigo, tava com cara de quem viu um fantasma ao ler os cadernos e cara, minha alergia atacou de vez. E cá entre nós, acho que ele só conseguiu ler porque tá acostumado com a própria letra. Ele disse que era umas anotações de um experimento com um animal, onde ele tentou trocar o coração. Macabro, né?

Saímos de lá e fomos em direção a outro cômodo, que parecia muito com uma biblioteca. Como todos estavam meio com medo, o Jack perguntou se a gente tava bem e contou quantos de nós estávamos lá. “Um, dois, três, quatro...Quatro? Cadê o Noah?” “Socorro!” isso foi o que escutamos. O Noah desapareceu! Eu tentava manter a calma, mas algo me dizia que a noite estava longe de terminar. Droga! Tinha esquecido meus doces na porta da casa! "Gente, isso não tá certo. Não devíamos ter vindo aqui!”, murmurou Eva. Sua voz trêmula refletia o medo geral. Eu queria discordar, mas cá entre nós, eu vou ter que pedir à minha mãe pra dormir junto com ela por umas 2 semanas.
Jack tentou acalmar os ânimos, "Noah pode ter se perdido. Vamos procurar por ele, com calma". Mas cada passo que dávamos parecia nos levar para mais perto do desconhecido, e o suspense agora se misturava com um terror tipo o dos filmes. "E se algo aconteceu com ele?", sussurrou Sophie, seus olhos estavam fixos na escuridão. Eu queria ter uma resposta reconfortante, mas só conseguia sentir o nó no estômago e o nariz entupido.
Decidimos continuar a busca, mas a sensação de sermos observados começou a surgir. O som do vento lá fora tornou-se um murmúrio ameaçador. Um arrepio coletivo percorreu nosso grupo, e a urgência de encontrar Noah transformou-se em um desejo desesperado de sair dali. O dilema se instalou. O medo nos impedia de avançar, mas a ideia de abandonar Noah era ainda mais assustadora. "E se a gente desistir? Se a gente só... sair daqui?", sugeriu Sophie, sua voz refletindo o desespero que todos nós sentíamos. Jack tentou nos motivar, "Noah pode estar precisando da gente. Vamos continuar procurando."
Aí do nada, um ar frio e um cheiro muito forte de flores murchas contaminou a casa, e enxergamos uma mulher com um vestido branco e cabelos escuros. Não, não era a Eva. Era... Era... “A Emily! Corre” Gritou o Jack! Não conseguimos sair de lá, era como se ela estivesse prendendo a gente. Emily começou a falar umas coisas estranhas como: “Como foi hoje, meu amor?” ou “Fiz sopa pra gente hoje!”. Enquanto isso, todos nós- exceto o Noah- estávamos parados e horrorizados com aquilo. Uma luz surgiu e piscou e... Ela desapareceu! A noite estava longe de terminar, e a escuridão era maior do que nunca. Ainda estávamos tentando nos recuperar do grande susto, até que... “Socorro! Me tire daqui!”
Era o Noah! Foi um alívio geral, mas, de onde vinha? Bem, obviamente vinha do corredor estranhamente sinistro, escuro e com um clima bem pesado, mas a gente só ignorou a existência dele e procuramos em lugares menos sinistros. Mas ele não tava lá. "Isso não pode estar acontecendo. Não pode!", exclamou Eva, seu rosto pálido refletindo o terror que todos sentíamos. Jack, normalmente o mais corajoso, parecia tão perdido quanto eu.
Decidimos seguir na direção do grito, porque não tínhamos outra escolha. Sophie, com a voz trêmula, sugeriu que talvez Noah estivesse brincando conosco. Jack tentou concordar, mas algo nos olhos dele dizia que ele sabia que não era tão simples. Eu só queria que isso fosse um pesadelo do qual acordaríamos.

No fim do corredor, encontramos uma porta entreaberta, e a luz fraca lá dentro piscava como um aviso. Jack tentava manter a calma, mas sua expressão revelava que a incerteza também o consumia. Eva, normalmente tranquila, agora olhava ao redor como se esperasse que algo saltasse das sombras a qualquer momento. Nos aproximamos com cautela, porque agora sabíamos que qualquer coisa podia acontecer. Sophie, com a mão trêmula, empurrou a porta. Lá, no centro de uma sala, estava Noah, amarrado e pálido. Um frio percorreu minha espinha ao ver meu melhor amigo naquele estado, e um suspiro coletivo de alívio e horror escapou de nós.
"Vamos tirar ele daqui", disse Jack, correndo em direção a Noah. Mas antes que pudesse alcançá-lo, o medo paralisou nossos movimentos. O Noah, mesmo amarrado, parecia tentar nos alertar, seus olhos estavam suplicando para que saíssemos o quanto antes. Não havia nada! Bem, era o que achávamos. "A gente precisa sair daqui agora!", gritei, mas ao tentarmos correr, percebemos que estávamos encurralados. Era uma sombra medonha e uma voz, uma voz assustadora, que logo disse: "Vocês invadiram meu refúgio. Agora, para sair, devem aceitar o desafio”. O que quer que aquilo fosse, estava brincando com a gente, e cara, eu não tava gostando nada daquilo!
O desafio revelou-se um jogo de charadas. O dono da casa, por meio da sombra, deixou claro as apostas. Se ganhássemos, teríamos a chance de tirar Noah daquele tormento. "Se perderem, um de vocês se juntará a mim", a voz sussurrou, e o olhar da sombra recaiu sobre Noah. Uma onda de terror nos consumiu. Agora, não era apenas nossa liberdade em jogo, mas também a vida de um amigo.
As charadas eram enigmáticas, cada resposta certa nos aproximava da liberdade, mas cada erro poderia nos afundar ainda mais na escuridão. A voz sinistra anunciava a charada:
Charada: "Quando a noite cai, eu me torno visível, mas desapareço ao primeiro sinal da luz. O que sou?"
A gente se entreolhou umas 2 vezes, até que Sophie sussurrou: “Devem ser as estre...” “Não, Sophie!” Eva falou. A coisa riu e perguntou: “O que você disse?” “Es.. Estrela.” A Sophie falou, como se estivesse respondendo o bicho-papão. O riso tornou-se uma gargalhada mortal, a gente havia errado! Era sombra, claro que era! Mesmo assim, ele continuou com a segunda charada:
Charada: "Quanto mais você tem, menos você vê. O que é?"
Essa eu tinha visto num daqueles livros para criancinhas, sabe? Mas naquela hora, não era coisa pra criancinha. Respondi, confiante por fora: Escuridão. Acertamos.
A voz do dono da casa ecoou novamente, desafiando-nos com uma outra charada: Charada: "Nasci chorando, cresci vivendo e morri sem ter vivido. O que sou?"
Essa foi o Jack que quis responder: “É a vela né?” Ufa! Escapamos dessa! A sala mergulhou em um silêncio profundo antes de ser quebrado por uma gargalhada medonha. O dono da casa, através da sombra, falou com um tom de um drácula: "Vocês são mais espertos do que eu imaginava. Mas lembrem-se, este é apenas o começo. O que está por vir será muito pior." Lá vinha a última charada, junto com ela a promessa da liberdade de Noah se conseguíssemos desvendá-la. Estávamos esperançosos, mas também receosos com o que estava por vir: Charada: "Corro pelas paredes, espreito nos cantos, nunca visto, mas sempre presente. Quem sou eu?"
Cara, essa coisa era muito boa com jogo de charadas! Ninguém lá sabia da resposta e a sombra sabia disso, não sei como. Ela disse: “Nada?” e soltou um riso tão alto que a cidade toda devia ter escutado. O medo nos impediu... Espere, medo? Sim! Ele sempre está presente e não conseguimos ver! Droga, perdemos por pouco!
A sala parecia se contrair, as sombras dançando ao redor como se tivessem vida própria. O dono da casa pronunciou suas últimas palavras: "Agora estão presos em meu domínio. Preparem-se para enfrentar o que está além das sombras."No olhar dos meus amigos, enxergava uma mistura de desespero e solidariedade.
Estávamos unidos por nossos medos e mãos, mas também à mercê do desconhecido que se desdobrava diante de nós.
A próxima agonia nos aguardava, e eu me perguntava se teríamos forças para enfrentar o que estava por vir. Só escutamos: “Scrash!” Começamos a gritar bem, bem alto! Aí, do nada, o Noah começou a rir feito criança em circo. A sombra, antes aterrorizante, revelou-se como a cortina sendo puxada por uma máquina, revelando o verdadeiro mestre da trama: nosso amigo Noah, o arquiteto do absurdo. "Surpresos?", disse Noah, contendo o riso enquanto nós o encaramos incrédulos. Ele explicou, entre risadas e desamarrando, como orquestrou todo esse circo de horrores para dar um tempero especial ao nosso Halloween.
A escolha da casa? Uma brincadeira sobre as propriedades mal-assombradas da vizinhança. Seu "desaparecimento"? Uma atuação digna de Oscar, que ele praticou em frente ao espelho por semanas. As passagens secretas e experimentos estranhos? Apenas truques e adereços tirados de filmes de terror B. O barulho? Um frasco que ele tinha guardado do laboratório.
Noah admitiu que queria dar uma agitada em nossas vidas normais, esse plot twist deixou a todos sem palavras, mas logo fomos tomados por risadas. Nosso amigo, o mestre do disfarce, tinha transformado uma simples noite de Halloween em um espetáculo de comédia de terror. E assim, encerramos essa noite peculiar com uma gargalhada coletiva, enquanto Noah, agora o protagonista do horror, nos abraçava e indicava a saída da casa. “Noah, a melhor parte foi a esposa do Cientista!” a Eva falou, rindo. “Que mulher, Eva?”.

Até amanhã, Charlie.

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