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FAHRENHEIT 451 E A SANTÍSSIMA TRINDADE


O mês de outubro foi para o Sementes do amanhã, o desabrochar para um clássico da ficção cientifica, uma das obras da santíssima Trindade das distopias, Fahrenheit 451. Lançado em 1953, o incrível livro de Ray Bradbury continua atualíssimo. O enredo perpassa em um Estado Totalitário, marcado pela censura e pelo holocausto intelectual. Nota-se então que, em um mundo a qual as TVs são interativas, os livros são queimados e os leitores são perseguidos, pensar se torna um ato revolucionário.

A cada mês, novos desafios são propostos aos marujos do encouraçado Sementes do Amanhã. Desta feita, o mar era tenebroso, as águas fervilhantes e o cenário literalmente pegava fogo. Bem como alertou Neil Gaiman: “Fahrenheit é um lembrete do valor daquilo que temos, e de que, às vezes, pressupomos que aquilo que valorizamos esteja garantido. ” Desse modo, foi fascinado por ensinamentos dessa magnitude, que na última quinta-feira (04), nossos aventureiros do além-mar, vivenciaram a vigésima segunda roda de conversa do clube, mergulhados em mares de infinito saber desfrutaram do sabor de uma destemida aventura.

A expectativa para o evento era enorme, os diálogos sobre o livro já se faziam acalorados diariamente nos encontros e desencontros nas áreas de vivências do CNSP, de modo que, nos grupos de WhatsApp o bate papo relacionado ao conteúdo já se tornava mais frequente e intenso. Vale pôr em evidência que, era perceptível no olhar e nas abordagens dos integrantes, o desejo de partilha que eclodia no ímpeto de cada um. Diante de tamanha euforia, fez-se necessário que as mediadoras escolhidas tivessem também uma certa experiência nas articulações e direcionamentos, ou seja, uma bagagem nessa seara literária. Para tanto, a reunião contou com o estrelismo, a tranquilidade e o talento das jovens Clara Rabelo e Gabrielle Felix, ambas alunas do 9º ano.

A roda de Conversa se desenrolou fluentemente e concretizou todas as expectativas. De início os participantes fizeram uma abordagem histórica sobre a década de 50, no panorama mundial e nacional. Logo, temáticas acerca da Guerra Fria e do Período Democrático Brasileiro estiveram no centro das questões. Localizados historicamente, era chegada a hora de mergulhar nos mais distantes esplendores do escritor, sua vida e produção. Desta maneira, a tríade estrutural do debate estava sendo construída: contexto histórico, autor e obra.

Em meio as incessantes participações, inúmeras foram as temáticas que se descortinaram ao longo da noite. Trilhando os caminhos de Guy Montag (personagem principal), algumas abordagens presentes no livro foram mais aprofundadas, a exemplo: do ódio mortal, falta de socialização, a futilidade dos livros, ausência de empatia e a Banalidade do Mal. Esse último, um conceito propagado por Hannah Arendt, muito bem trabalhado nos encontros de Ensino Religioso.

Por fim, os alunos refletiram sobre a importância da leitura como ferramenta para não permitir que líderes carismáticos arraigados de características autoritárias possam chegar ao poder e fazer de suas posturas uma política de Estado. O mundo já viveu experiências negativas suficientes para entender a necessidade de se investir em educação. E que essa educação seja verdadeiramente revolucionária em ações e não apenas no discurso isolado e vazio de muitos que se dizem esclarecidos por terem passado nos bancos escolares, no entanto, ainda convivem entrelaçados em paixões politiqueiras.

Destarte, pensar fora da caixa, questionar a auréola que nos rodeia, construir uma sociedade sólida e pensante, tem sido o desejo de todos que de maneira direta ou indireta contribuem com o Sementes do Amanhã. A leitura de Fahrenheit 451, abriu frestas necessárias para refletirmos sobre o nosso futuro. Tal como, nos legou dúvidas que, quem sabe, só poderão ser sanadas nos próximos debates, com outras distopias, 1984 de George Orwell e Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley. Mas, será mesmo que queremos encontrar respostas? Se realmente são as perguntas que regem o mundo, acredito que nós vamos sempre nos enveredar pelo caminho das dúvidas.


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