Por Layla Reis.
Cantora, enfermeira e ao mesmo tempo escritora, a calculista Agatha Christie não recebe o título de “Rainha do Crime” em vão, dentre suas mais de 80 publicações, encontra-se o romance policial “O Assassinato de Roger Ackroyd”, este que, sob diversas opiniões e perspectivas, é considerado o mais fantástico livro de tão fabulosa autora.
A obra se passa na pacata de Vila de King’s Abott, na qual o maior entretenimento para um determinado grupo de senhoras, era a fofoca. Tal grupo era liderado por Caroline Sheppard, uma agradável senhora irmã do Dr. Sheppard, um renomado médico das redondezas. Como supracitado, King’s Abott tinha duas principais características, a placidez e os burburinhos, o perfeito combo para ser cenário da mais nova notícia dos arredores: Sra Ferrars, uma carismática dona de casa, misteriosamente se suicida.
O problema não foi realmente a morte de Ashley Ferrars, mas sim seus últimos dias de vida: a história de um romance entre ela e o milionário fidalgo industrial Ackroyd surge nos ares e se espalha velozmente. De um modo curioso, Ackroyd morre também, e Dr. Sheppard, seu fiel amigo e uma das últimas pessoas com a qual ele falou antes de ter sido encontrado esfaqueado na sua casa, decide, juntamente à sua irmã Caroline, reunir forças para descobrir o motivo da estranha sequência de homicídios na quieta vila britânica. Por ironia do destino, o detetive Hercule Poirot, encarregado de investigar diversos crimes escritos por Agatha Christie, passava sua temporada de férias no dito local, entra na trupe e toma partido do caso.
A investigação vai se formando e qualquer leitor do livro mergulha de cabeça nos pensamentos do narrador Dr. Sheppard e sua enorme confusão relacionada ao culpado pelo assassinato de Ackroyd, seria ele o seu enteado, que herdou uma enorme quantia de dinheiro? O romance é, tal qual qualquer Christie, uma verdadeira obra-prima do mistério, afinal há motivos para se confiar em todos os personagens, a mesma proporção em que há indícios para desconfiar de todos eles. O seu final inesperado traz diversas revelações e prova que Agatha, sim merece o seu título de Rainha do Crime, visando todos os pormenores e detalhes ressaltados inúmeras vezes na obra que passam despercebidos sob muitos dos que a leem, o que torna a leitura instigante e uma fonte insecável de possibilidades para quem seria o assassino de Roger Ackroyd.
O desfecho chocante da obra faz jus ao efeito por ela produzido: “O Assassinato de Roger Ackroyd” foi responsável por fazer Agatha Christie ter mais visibilidade e ser bastante reconhecida na sociedade da época. Os aspectos mais variados desse fabuloso romance policial são o que tornam único, como por exemplo a sua escrita de fácil compreensão, porém capaz de sugar qualquer leitor para dentro do enredo. E, como sempre, a britânica Agatha Mary Clarissa Christie Mallowan, consegue ter um sem igual desempenho conduzindo um mistério cujo tom é minuciosamente trabalhado, e que, mesmo quase 100 anos após sua publicação, continua e certamente continuará sendo um enorme sucesso.
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